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sexta-feira, 28 de março de 2014
"Na formação e na vida, a televisão não substitui a leitura e o cinema"
Para ler na revista VISÃO desta semana, pág 12, crónica de José Luis Peixoto "Conta lá a história das bibliotecas itinerantes"
quinta-feira, 27 de março de 2014
HOJE É O DIA MUNDIAL DO TEATRO
O actor acende a boca. Depois os cabelos.
Finge as suas caras nas poças interiores.
O actor pôe e tira a cabeça
de búfalo.
De veado.
De rinoceronte.
Põe flores nos cornos.
Ninguém ama tão desalmadamente
como o actor.
O actor acende os pés e as mãos.
Fala devagar.
Parece que se difunde aos bocados.
Bocado estrela.
Bocado janela para fora.
Outro bocado gruta para dentro.
O actor toma as coisas para deitar fogo
ao pequeno talento humano.
O actor estala como sal queimado.
O que rutila, o que arde destacadamente
na noite, é o actor, com
uma voz pura monotonamente batida
pela solidão universal.
O espantoso actor que tira e coloca
e retira
o adjectivo da coisa, a subtileza
da forma,
e precipita a verdade.
De um lado extrai a maçã com sua
divagação de maçã.
Fabrica peixes mergulhados na própria
labareda de peixes.
Porque o actor está como a maçã.
O actor é um peixe.
Sorri assim o actor contra a face de Deus.
Ornamenta Deus com simplicidades silvestres.
O actor que subtrai Deus de Deus, e
dá velocidade aos lugares aéreos.
Porque o actor é uma astronave que atravessa
a distância de Deus.
Embrulha. Desvela.
O actor diz uma palavra inaudível.
Reduz a humidade e o calor da terra
à confusão dessa palavra.
Recita o livro. Amplifica o livro.
O actor acende o livro.
Levita pelos campos como a dura água do dia.
O actor é tremendo.
Ninguém ama tão rebarbativamente como o actor.
Como a unidade do actor.
O actor é um advérbio que ramificou
de um substantivo.
E o substantivo retorna e gira,
e o actor é um adjectivo.
É um nome que provém ultimamente
do Nome.
Nome que se murmura em si, e agita,
e enlouquece.
O actor é o grande Nome cheio de holofotes.
O nome que cega.
Que sangra.
Que é o sangue.
Assim o actor levanta o corpo,
enche o corpo com melodia.
Corpo que treme de melodia.
Ninguém ama tão corporalmente como o actor.
Como o corpo do actor.
Porque o talento é transformação.
O actor transforma a própria acção
da transformação.
Solidifica-se. Gaseifica-se. Complica-se.
O actor cresce no seu acto.
Faz crescer o acto.
O actor actifica-se.
É enorme o actor com sua ossada de base,
com suas tantas janelas,
as ruas -
o actor com a emotiva publicidade.
Ninguém ama tão publicamente como o actor.
Como o secreto actor.
Em estado de graça. Em compacto
estado de pureza.
O actor ama em acção de estrela.
Acção de mímica.
O actor é um tenebroso recolhimento
de onde brota a pantomina.
O actor vê aparecer a manhã sobre a cama.
Vê a cobra entre as pernas.
O actor vê fulminantemente
como é puro.
Ninguém ama o teatro essencial como o actor.
Como a essência do amor do actor.
O teatro geral.
O actor em estado geral de graça.
Herberto Hélder
Finge as suas caras nas poças interiores.
O actor pôe e tira a cabeça
de búfalo.
De veado.
De rinoceronte.
Põe flores nos cornos.
Ninguém ama tão desalmadamente
como o actor.
O actor acende os pés e as mãos.
Fala devagar.
Parece que se difunde aos bocados.
Bocado estrela.
Bocado janela para fora.
Outro bocado gruta para dentro.
O actor toma as coisas para deitar fogo
ao pequeno talento humano.
O actor estala como sal queimado.
O que rutila, o que arde destacadamente
na noite, é o actor, com
uma voz pura monotonamente batida
pela solidão universal.
O espantoso actor que tira e coloca
e retira
o adjectivo da coisa, a subtileza
da forma,
e precipita a verdade.
De um lado extrai a maçã com sua
divagação de maçã.
Fabrica peixes mergulhados na própria
labareda de peixes.
Porque o actor está como a maçã.
O actor é um peixe.
Sorri assim o actor contra a face de Deus.
Ornamenta Deus com simplicidades silvestres.
O actor que subtrai Deus de Deus, e
dá velocidade aos lugares aéreos.
Porque o actor é uma astronave que atravessa
a distância de Deus.
Embrulha. Desvela.
O actor diz uma palavra inaudível.
Reduz a humidade e o calor da terra
à confusão dessa palavra.
Recita o livro. Amplifica o livro.
O actor acende o livro.
Levita pelos campos como a dura água do dia.
O actor é tremendo.
Ninguém ama tão rebarbativamente como o actor.
Como a unidade do actor.
O actor é um advérbio que ramificou
de um substantivo.
E o substantivo retorna e gira,
e o actor é um adjectivo.
É um nome que provém ultimamente
do Nome.
Nome que se murmura em si, e agita,
e enlouquece.
O actor é o grande Nome cheio de holofotes.
O nome que cega.
Que sangra.
Que é o sangue.
Assim o actor levanta o corpo,
enche o corpo com melodia.
Corpo que treme de melodia.
Ninguém ama tão corporalmente como o actor.
Como o corpo do actor.
Porque o talento é transformação.
O actor transforma a própria acção
da transformação.
Solidifica-se. Gaseifica-se. Complica-se.
O actor cresce no seu acto.
Faz crescer o acto.
O actor actifica-se.
É enorme o actor com sua ossada de base,
com suas tantas janelas,
as ruas -
o actor com a emotiva publicidade.
Ninguém ama tão publicamente como o actor.
Como o secreto actor.
Em estado de graça. Em compacto
estado de pureza.
O actor ama em acção de estrela.
Acção de mímica.
O actor é um tenebroso recolhimento
de onde brota a pantomina.
O actor vê aparecer a manhã sobre a cama.
Vê a cobra entre as pernas.
O actor vê fulminantemente
como é puro.
Ninguém ama o teatro essencial como o actor.
Como a essência do amor do actor.
O teatro geral.
O actor em estado geral de graça.
Herberto Hélder
quarta-feira, 26 de março de 2014
Catarina Sobral vence prémio internacional de ilustração
Parabéns a Catarina Sobral, que esteve na nossa escola, na Semana da Leitura!
De entre 41 ilustradores de todo o mundo, a portuguesa Catarina Sobral venceu oprémio internacional de ilustração, atribuído pela Feira do Livro Infantil de Bolonha (Itália), com o livro O meu avô, foi esta quarta-feira anunciado.
Catarina Sobral, de 29 anos, tinha sido seleccionada para a exposição deste ano com ilustrações originais do álbum ilustrado O meu avô, editado em Fevereiro pela Orfeu Negro.
A autora portuguesa, que já publicou três livros para a infância e juventude, foi premiada entre 41 ilustradores de todo o mundo, com menos de 35 anos, que participaram na exposição.
O júri do prémio, que integrou Roger Mello (Brasil), Sophie Van der Linden (França) e Pablo Núñez (Espanha), elogiou na obra de Catarina Sobral "a referência à tradição gráfica dos anos 1950, com uma interpretação contemporânea, e a composição da imagem baseada em básicas figuras geométricas".
Além de O meu avô – que deverá ser editada em língua espanhola pela Fundacion SM – , Catarina é autora dos livros Greve e Achimpa.
De entre 41 ilustradores de todo o mundo, a portuguesa Catarina Sobral venceu oprémio internacional de ilustração, atribuído pela Feira do Livro Infantil de Bolonha (Itália), com o livro O meu avô, foi esta quarta-feira anunciado.
O prémio, no valor de 21 mil euros, é patrocinado pela editora Fundación SM e destina-se a jovens ilustradores que tenham sido seleccionados para a exposição anual de ilustração da Feira do Livro Infantil, que está a decorrer em Bolonha; é a mais importante feira de negócios do mercado livreiro de literatura para crianças e jovens e termina na quinta-feira.
A autora portuguesa, que já publicou três livros para a infância e juventude, foi premiada entre 41 ilustradores de todo o mundo, com menos de 35 anos, que participaram na exposição.
O júri do prémio, que integrou Roger Mello (Brasil), Sophie Van der Linden (França) e Pablo Núñez (Espanha), elogiou na obra de Catarina Sobral "a referência à tradição gráfica dos anos 1950, com uma interpretação contemporânea, e a composição da imagem baseada em básicas figuras geométricas".
Além de O meu avô – que deverá ser editada em língua espanhola pela Fundacion SM – , Catarina é autora dos livros Greve e Achimpa.
quinta-feira, 20 de março de 2014
BOA PRIMAVERA!
A MESMA CANÇÃO
A sensação que tens
é de que tudo
quanto dizes já o leste
noutros livros. Mas
depois consideras: também
o sol e os pássaros
repetem todos os dias
a mesma canção.Albano Martins
In "As Escarpas do Dia"
(Poesia 1950-2010)
A sensação que tens
é de que tudo
quanto dizes já o leste
noutros livros. Mas
depois consideras: também
o sol e os pássaros
repetem todos os dias
a mesma canção.Albano Martins
In "As Escarpas do Dia"
(Poesia 1950-2010)
terça-feira, 18 de março de 2014
quinta-feira, 13 de março de 2014
Semana da leitura 4
quarta-feira, 12 de março de 2014
Semana da leitura 3
O Grupo Poético de Aveiro, de sala em sala, com 10ºs anos, a semear poesia de autores contemporâneos.
Semana da leitura 2
"O tesouro ainda lá está (....)"
Com David Costa, numa colaboração que já é tradição anual e que muito nos honra.
Com David Costa, numa colaboração que já é tradição anual e que muito nos honra.
terça-feira, 11 de março de 2014
Semana da leitura 1
Ontem foram duas sessões muito participadas e enriquecedoras, a da manhã com as cinco turmas do 8º ano, a da tarde, com a turma de Literatura Portuguesa do 11º ano.
No seu mural do facebook, escreveu Cristina Cravalho: "Mais uma vez, com os meus intensos agradecimentos (...) a todos os outros professores de Língua Portuguesa e Literatura e um beijo a cada um dos alunos, todos, todos!"
sábado, 8 de março de 2014
"Sê plural como o universo!" - foi em 8 de março de 1914, foi há cem anos
Como escrevo em nome desses três?
Caeiro por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular que iria
escrever. Ricardo reis, depois de uma deliberação abstrata que subitamente se
concretiza numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e não
sei o quê.
Fernando Pessoa (excerto da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais
Monteiro)
Caeiro, Campos, Reis não são mais do
que sonhos diversos (…). Ter sonhado esses sonhos não libertou Pessoa da sua
solidão e da sua tristeza. Mas ajudou-nos a perceber que somos, como ele, puros
mutantes, descolando para formas inéditas de vida, para viagens ainda sem
itinerário. Com Caeiro fingimos que somos eternos, com Campos regressamos dos
impossíveis sonhos imperiais para a aventura labiríntica do quotidiano moderno,
com Reis encolhemos os ombros diante do Destino, compreendemos que o Fado não é
uma canção triste, mas a Tristeza feita verbo e com “Mensagem” sonhamos uma
pátria de sono para redimir a verdadeira.
Eduardo Lourenço, “Fernando, Rei da nossa
Baviera”
“Sê plural como o universo!” - foi em 8 de março de 1914, foi há cem anos
Aí por 1912, salvo erro (…) veio-me à ideia escrever
uns poemas de índole pagã. Esbocei umas coisas em verso irregular (não no
estilo de Álvaro de Campos,
mas num estilo de meia regularidade), e abandonei o caso. Esboçara-se-me,
contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa que estava a fazer
aquilo. (Tinha nascido, sem que eu soubesse, o Ricardo Reis.)
Ano
e meio, ou dois anos, depois lembrei-me um dia de fazer uma partida ao
Sá-Carneiro – (…) Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia
em que finalmente desistira – foi em 8 de março de
1914 – acerquei-me de uma cómoda
alta, e, tomando um papel comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que
posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja
natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter
outro assim. Abri com o título, “ O Guardador de Rebanhos”. E o que se seguiu
foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro.
Desculpe o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre.
Fernando Pessoa (excerto da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais
Monteiro )
sexta-feira, 7 de março de 2014
SEMANA DA LEITURA – 10-14 de março de 2014, na nossa biblioteca
HORA
|
Dia
10, 2ª-feira
|
Dia
11, 3ª-feira
|
Dia
12, 4ª-feira
|
Dia
13, 5ª-feira
|
Dia
14, 6ª-feira
|
Manhã
|
Afixação do painel - “Sê plural como o universo!” (F. Pessoa) –
centenário do surgimento do “mestre” dos
heterónimos
- Biblioteca escolar
|
Grupo Poético de Aveiro
9.30 – 10º A, sala 11
10.10 – 10º B, sala 13
10.30 – 10º E, sala 32
|
Grupo Poético de Aveiro
9h – 10º F, sala 10
9.30 – 10º H, sala inf
10.10 – 10ºJ, sala 29
|
|
“Newton Gostava de Ler”
8.25 – 7º H
10.10 – 8º D
- Biblioteca escolar
|
12h20m
|
Sessão com a escritora Cristina Carvalho
8ºs anos
- Auditório
|
|
|
|
|
13h30m
|
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|
Workshop com a ilustradora Catarina Sobral
10º H
- Sala 7
|
|
15h10m
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Sessão com a escritora Cristina Carvalho
11º H (Literatura Portuguesa )
– Biblioteca escolar
|
Sessão com o ator David Costa, do Teatro Aveirense
7º A e7ºB
- Auditório
|
“As Tempestades” - leitura expressiva de textos de Shakespeare, pelo grupo
de Teatro da biblioteca da ESJE
- Biblioteca escolar
|
Workshop com a ilustradora Catarina Sobral 10º G
- Sala D 3
|
|
sábado, 1 de março de 2014
Carnaval
O Carnaval, as máscaras, a comédia, Polichinelo, Casanova, Colombina,
Arlequim e tantos, tantos outros nomes, tantos rostos ocultos
para a eternidade.
Personas, fábulas,
o mundo maravilhoso dos humanos,
nós.
Licínia Quitério
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