terça-feira, 7 de outubro de 2014

"O Organista", novo conto de Lídia Jorge, apresentado no "Escritaria" 2014 , em Penafiel

Como a própria definição o diz, o vazio é um lugar onde não existe nada mas no interior do qual se espera que venha a acontecer tudo. Não admira, pois, que o vazio, cansado da monotonia abissal de não possuir coisa alguma dentro de si, um dia tenha chamado o órgão. E o órgão veio, com seus quatro mil tubos de metal e as suas quatro fileiras de teclas, e ficou a dançar no vazio, oscilando de um lado para o outro.

Só que o órgão e o vazio eram duas coisas distintas, uma dentro da outra, e as duas não produziam nada. Então, o órgão e o vazio juntaram-se  e chamaram (...)

fragmento de " O Organista"

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